segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Desabafo!

Em um momento inspirado, o autor do texto desabafou em uma comunidade de Direitos Humanos no Orkut sobre o que é ser policial militar (pois criticavam os policiais, só para variar). O texto é de uma pessoalidade ímpar e paradoxalmente gera uma identificação imediata por qualquer PM. Soôu (soou) quase como uma oração, por isso se você é policial militar leia até o fim e diga se já não se encontrou em alguma situação citada nestas linhas. Caso não seja PM, aconselho do mesmo modo a leitura. Talvez assim entenda o quanto esta profissão é árdua.


ANTES DE SER POLICIAL CIVIL, EU FUI POLICIAL MILITAR;
ANTES DE SER POLICIAL MILITAR, EU FUI CARTEIRO;
ANTES DE SER CARTEIRO, FUI BOMBEIRO;
ANTES DE SER BOMBEIRO, FUI COBRADOR DE ÔNIBUS;
ANTES DE SER COBRADOR DE ÔNIBUS, FUI FUZILEIRO NAVAL;
E ANTES DE SER FUZILEIRO, FUI PALHAÇO DE CIRCO.

PARALELAMENTE A ESTAS PROFISSÕES, SOU DESENHISTA DE QUADRINHOS E PROGRAMADOR DE JOGOS PARA WEB, ALÉM DE LECIONAR HISTÓRIA QUANDO ESTAVA NA UFRN.

Como desenhista de quadrinhos, ouço de alguns, SEMPRE, que sou um desocupado.

Como programador de jogos, ouço de alguns, SEMPRE, que sou um nerd idiota.

Como palhaço de circo, ouço de alguns, ATÉ HOJE, que aquilo é vida de vagabundo.

Como fuzileiro naval, ouvi de muitos, que fui um BONECO DO ESTADO.

Como cobrador de ônibus, ouvi de muitos, que eu era um ladrão, por não ter, às vezes, moedas de R$ 0,01 e R$ 0,05, para dar de troco.

Como carteiro, guardo cicatrizes, para o resto de meus dias, de mordidas de cães e de acidentes de trabalho, como atropelamentos, causados pelos “ZECAS” da vida, além de ouvir DE TODAS AS MÃES COM AS QUAIS ME DEPARAVA, que eu era “O HOMEM DO SACO” que iria raptar as criancinhas.

Como bombeiro, NUNCA recebi um “obrigado”, ao retirar um gatinho de uma árvore, nem por mergulhar num esgoto, para salvar uma pessoa que foi levada por uma enxurrada. Tive que aprender a me ACOSTUMAR com isso, além de começar a compreender como a linha da vida é tênue e a matéria se desfaz por besteira.

Como POLICIAL MILITAR, enfrentei O MAIOR CHOQUE CULTURAL DE MINHA VIDA, ao ter de argumentar com todo tipo de pessoas, do mendigo ao magistrado, entrar em todo tipo de ambiente, do meretrício ao monastério.

Como POLICIAL MILITAR, fui PARTEIRO, quando não dava tempo de levar as grávidas ao hospital, na madrugada;

Como POLICIAL MILITAR, fui psicólogo, quando um colega discutia com a esposa, diante da incompreensão dela, às vezes, com a profissão do marido;

Como POLICIAL MILITAR, fui assistente social, quando tinha de confortar A MÃE DE ALGUMA VÍTIMA assassinada por não possuir algo de valor que o assaltante pudesse levar;

Como POLICIAL MILITAR, fui borracheiro e mecânico, ao socorrer idosos e deficientes com pneus furados;

Como POLICIAL MILITAR, fui pedreiro, ao participar de mutirões para reconstruir casas destruídas por enchentes;

Como POLICIAL MILITAR, fui paramédico fracassado, AO VER UM COLEGA IR A ÓBITO A BORDO DA VIATURA;

Como POLICIAL MILITAR, fui paramédico realizado, ao retirar uma espinha de peixe da garganta de uma criança;

Como POLICIAL MILITAR, fui apedrejado por estudantes da mesma escola na qual estudei E FUI PROFESSOR, por pessoas do mesmo grêmio do qual participei;

Como POLICIAL MILITAR, fui obrigado a me tornar gladiador em arenas repletas de terroristas, que são os membros de torcidas organizadas, em jogos de times pelos quais nem torço;

Como POLICIAL MILITAR, sobrevivi a cinco graves acidentes com viaturas, nunca a menos de 120km/h, na ânsia de chegar rápido àquela residência onde a moça estava sendo estuprada ou na qual um idoso estava sendo espancado;

Como POLICIAL MILITAR, fui juiz da vara cível, apaziguando ânimos de maridos e mulheres exaltados, que após a raiva uniam-se novamente e voltavam-se contra a POLÍCIA;

Como POLICIAL MILITAR, fui atropelado numa BLITZ, por um desses cidadãos QUE POR MEDO DA POLÍCIA, AFUNDOU O PÉ NO ACELERADOR E PASSOU POR CIMA DE VÁRIOS COLEGAS;

Como POLICIAL MILITAR, arrisque-me a contrair vários tipos de doenças, ao banhar-me com o sangue de vítimas às quais não conhecia, mas que tinha OBRIGAÇÃO de TENTAR salvar;

Como POLICIAL MILITAR, arrisquei contaminar toda a minha família com os mesmos tipos de doenças, pois ao chegar em casa, minha esposa era a primeira a me abraçar, nunca se importando com o cheiro acre de sangue alheio, nem com as manchas que tinha de lavar do uniforme;

Como POLICIAL MILITAR, fui juiz de pequenas causas, quando EM MINHA FOLGA, alguns vizinhos me procuravam para resolver SEUS problemas;

Como POLICIAL MILITAR, fui advogado, separando, na hora da prisão, os verdadeiros delinquentes dos “LARANJAS”, quando poderia tê-los posto no mesmo barco;

Como POLICIAL MILITAR, fui o homem que quase perdeu a razão, ao flagrar um pai estuprando uma filha, ENQUANTO A MÃE O DEFENDIA;

Como POLICIAL MILITAR, fui guardião de mortos por horas a fio, sob o sol, a chuva e a neblina, à espera do RABECÃO, que, já lotado, encontrava dificuldade para galgar uma duna mais alta, ou para penetrar numa mata mais densa;

Como POLICIAL MILITAR, fiquei revoltado, ao necessitar de um leito para minha esposa PARIR, e ao chegar NO HOSPITAL DA POLÍCIA, deparar-me com um traficante sendo operado por um médico particular;

Como POLICIAL MILITAR, fui o cara que mudou TODOS os hábitos para sempre, andando em estado de alerta 25 horas/dia, sempre com um olho no peixe e outro no gato, confiando desconfiado.

Como POLICIAL MILITAR, fui xingado, agredido, discriminado, vaiado, humilhado, espancado, rejeitado, incompreendido.

Na hora do bônus, ESQUECIDO;
Na hora do ônus, CONVOCADO.

Tive de tomar, em frações de segundo, decisões que os julgadores, no conforto de seus gabinetes, tiveram meses para analisar e julgar.

E mesmo hoje, calejado, ainda me deparo com coisas que me surpreendem, pois afinal AINDA sou humano.

Não queria passar pelo que passei, mas fui VOLUNTÁRIO, ninguém me laçou e me enfiou dentro de uma farda, né? Observando-se por essa ótica, é fácil ser dito por quem está “DE FORA”, que minha opinião NÃO IMPORTA, ou que simplesmente, não existe.

AMO O QUE FAÇO E O FAÇO PORQUE AMO. Tanto que insisto em levar essa vida, e mesmo estando atualmente em outra esfera do serviço policial, sei que terei de passar por tudo de novo, a qualquer hora, em qualquer dia e em qualquer lugar.

E O FAREI, SEM RECLAMAR, NEM RECUAR.

Porque se o Senhor não guarda a cidade, em vão vigia a sentinela.

Por isso é que fazemos nossa parte:

VIGILANTIS SEMPRE!

Que Deus abençoe a todos.

Um grande abraço

terça-feira, 6 de outubro de 2009

MST e a inversão dos valores.

É incrível como no nosso país os valores se inverteram. Qualquer cidadão brasileiro ou estrangeiro que esteja em nosso país e que violar qualquer dos preceitos ou princípios constitucionais e que tenha seus atos expostos ao conhecimento geral, sofrerá as consequências que a lei estabelecer, já que vivemos em um país que vivemos em um Estado democrático de direito. Pelo menos era assim que deveria ser. Infelizmente o que a toda hora nos é mostrado através da imprensa nacional e até internacional é que pessoas, "protegidas" por uma falsa alcunha de "movimento social", estão rasgando a nossa Carta Magna e a jogando no lixo. Em seu artigo 5º, inciso XXII, a nossa Lei Maior nos diz que "é garantido o direito à propriedade". É claro que no inciso seguinte do mesmo artigo, ela diz que essa propriedade deverá "antender à sua função social". Apesar dessa expressão "função social" não estar claramente descrita em seus detalhes, o que causa diversas dicursões doutrinárias, o senso comum nos leva a entender sem um grande esforço mental, que por função social entendemos que a propriedade, a terra por assim dizer, deverá ser utilizada para a produção, a sua utilização como meio de geração de empregos, renda, riquezas não só aos seus proprietários mas também a todos que, fazendo uso de suas propriedades naturais, venha a extrair dela os produtos indispensáveis a sobrevivência dos animais e de nós mesmos. Esse complemento ao inciso XXII dado pelo texto do inciso seguinte, que determina o uso social da terra, visa impedir que a terra seja usada como fator de dominação dos seus proprietários em relação aos menos favorecidos, sendo justo e necessário o texto legal nesse mister.
Infelizmente o que somos obrigados a ver em rede nacional são ações de vandalismo, selvageria e de uma extrema afronta ao poder nacional constituído. Ao se invadirem fazendas PRODUTIVAS e se destruírem plantações de laranja com o único objetivo de se forçar uma desapropriação, esses invasores - para utilizar um eufemismo - os chamados "sem-terras" nos levam a pensar sobre o que eles NÃO podem fazer. Até onde vai o poder desses movimentos, que ao se travestirem de movimento social, cometem as mais diversas formas de ilícitos que, repito, se fossem cometidos por qualquer pessoa, esse sofreria as consequências legais.
As familias dos quatro seguranças de uma fazenda da zona rural de São Joaquim do Monte, no interior de Pernambuco, ainda choram a perda de seus entes, os quais foram EXECUTADOS com tiros pelo corpo e na cabeça, sinal claro de execução, pelos "trabalhadores" do Movimento Sem terra (MST). Na mídia, a imagem que foi passada, em grande parte auxiliada pelo poder político do MST, é que eles faziam parte de uma "milícia" armada e que teriam sido contratada pelo dono da fazenda. Posso falar com conhecimento de causa por ter conhecido todos os mortos e também alguns dos responsáveis por suas mortes antes do evento trágico. O que posso relatar é que eles foram executados e que, o único erro que eles cometeram, foi tentar ganhar algum dinheiro extra fazendo "bico" como segurança, já que a cidade de São Joaquim, como praticamente todas as cidades da região, só oferece trabalho na agricultura. Os homens que morreram trabalhando como segurança, eram na verdade moto-taxistas que, nas horas vagas, tentavam complementar a renda para o sustento de suas famílias, trabalhando como seguranças. Porém o que foi veiculado é que os seguranças eram criminosos e que os membros do MST eram as vítimas, ocorrendo uma inversão no papéis, onde os trabalhadores foram mortos e tiveram suas imagens veiculadas como bandidos, onde os verdadeiros assassinos estão aí, sendo chamados de "trabalhadores" sem terra.
Enquanto todos nós, políticos, autoridades, governantes, entidades de direitos humanos, Ordem dos Advogados enfim, toda a sociedade não se mobilizar para que algo seja feito, permaneceremos sendo obrigados a assistir, pela mídia, as ações criminosas desse grupo de, eles sim, milicianos armados, promovendo saques, invasões de propriedaes, muitas dela produtivas, depredações do patrimônio e, como ocorrido em no interior de Pernambuco, homicídios. É o preço que a sociedade tem que pagar. Até quando ?