quarta-feira, 12 de novembro de 2008

"Se meu fusca falasse..."

Essa é a história mais interessante que me aconteceu. Todos que a escutam, inevitavelmente caem na gargalhada, pensei até em mandá-la para aquele quadro do Fantástico, "Retrato Falado", mas infelizmente demorei a fazê-lo e o quadro saiu do ar.
Terminei o meu segundo grau - hoje nível médio - em 1995. Na época, Caruaru não dispunha ainda de faculdades públicas e eu não tinha condições de pagar um curso em uma faculdade particular e mesmo assim não tinha interesse em nenhum dos cursos aqui oferecidos. Após cinco anos sem frequentar uma sala de aula, resolvi entrar em um curso preparatório para vestibular, pois meu intuito era tentar uma vaga em engenharia mecânica na UFPE em Recife. Foi nesse "cursinho" que conheci as outras duas personagens dessa história que, como disse, ainda hoje nos rende boas gargalhadas.
Já estávamos no mês de novembro e as inscrições nos vestibulares das Faculdades de Caruaru estavam abertas. Eu já havia feito a minha na UFPE que havia sido um pouco antes. Nessa época eu possuia um Volkswagen sedã - um fusca!!! - azul, ano 1977, que era o xodó de todos. Ele era todo equipado, bem conservado e era nele que eu ia para o cursinho. Nesse dia estava chovendo um pouco e Bela - uma das amigas que comentei no início - precisava ir até a FAFICA - Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Caruaru - para fazer a sua inscrição para o vestibular. Se vocês conhecem a FAFICA, sabem que há, em frente a entrada principal, uma rampa de acesso para carros pela direita cuja descida é pela esquerda, passando em frente à porta principal. Quem sai da Faculdade por essa porta, cruza essa passagem de automóveis e desce uma pequena escadaria para chegar à rua. Pois bem, eu nunca havia ido à FAFICA, portanto não sabia desse entrada - e saída - para carros. Assim, estacionei Herbie - era assim que Bela o chamava - um pouco afastado da entrada enquanto as duas entraram na faculdade. Após uns vinte minutos, Cleide - a nossa outra amiga - chega no carro e pede que eu suba a rampa com Herbie, pois estava choviscando e Bela não queria estragar a "escova" que havia feito. Subi com Herbie e Cleide a dita rampa para apanhar Bela na entrada principal. Como já disse estava choviscando e no período que estava esperando as duas, feichei os vidros do carro para não molhar dentro dele. O caso é que Fusca não tem ar condicionado nem tão pouco desembassador e a visibilidade de dentro do carro quando subi a rampa era quase nenhuma. Estacionei onde Bela estava, ela entrou e saímos. Desci pela primeira "rampa" que achei e aí veio a surpresa. Herbie travou... Nem para frente nem para trás. Cleide assustada disse: "eu acho que a descida não é por aqui não!", e foi aí que me dei conta do que havia acontecido. A "rampa" que eu tentei descer com o carro era, na verdade, a escadaria que dava acesso à rua. Herbie ficou travado sem ir nem para frente nem para trás. Com muita dificuldade conseguimos sair de dentro dele. À essa altura, já havia se formado uma aglomeração para observar a cena do fusca que havia tentado descer pela escada. Foi nesse momento que um senhor que parecia ser um professor e que também observava a cena - talvez sensibilizado com meu desespero - disse: "Vamos pessoal, vamos ajudar o rapaz". Foi quando uns cinco ou seis alunos se juntaram para tentar suspender a frente do carro para que eu pudesse, ajudando com o motor, tirá-lo dalí. Foi o que aconteceu, eles forçara a dianteira de Herbie fazendo com que as rodas traseiras tocassem o chão conseguindo tracionar e subir de volta a escadaria. O que se ouviu em seguida foi um sonoro EEHHHHH!!!!!!!!!!!!!!! dos outros observadores, tal qual quando ocorre um gol em final de campeonato. Saímos dalí envergonhados e eu, preocupado se Herbie não havia sofrido alguma avaria. Felizmente ele nada sofreu e essa história perdura até hoje na Faculdade. Recentemente um amigo meu que cursou Letras na FAFICA comento sobre esse episódio. Que ele ouviu falar de um "doido" que tentou descer as escadarias da FAFICA com um fusca. Ele ficou surpreso quando eu lhe disse que o "doido" fui eu e mais surpreso fiquei eu em saber que essa história ainda corre pelos corredores - e escadarias AhAhAh!!!!! - da Faculdade.