domingo, 24 de outubro de 2010

A Midia comercial em guerra contra Lula e Dilma por Leonardo Boff*

A Midia comercial em guerra contra Lula e Dilma

Leonardo Boff*

Sou profundamente a favor da liberdade de expressão em nome da qual fui punido com o “silêncio obsequioso”pelas autoridades do Vaticano.



Sob risco de ser preso e torturado, ajudei a editora Vozes a publicar corajosamente o “Brasil Nunca Mais” onde se denunciavam as torturas, usando exclusivamente fontes militares, o que acelerou a queda do regime autoritário.



Esta história de vida, me avalisa fazer as críticas que ora faço ao atual enfrentamento entre o Presidente Lula e a midia comercial que reclama ser tolhida em sua liberdade. O que está ocorrendo já não é um enfrentamento de idéias e de interpretações e o uso legítimo da liberdade da imprensa. Está havendo um abuso da liberdade de imprensa que, na previsão de uma derrota eleitoral, decidiu mover uma guerra acirrada contra o Presidente Lula e a candidata Dilma Rousseff. Nessa guerra vale tudo: o factóide, a ocultação de fatos, a distorção e a mentira direta.



Precisamos dar o nome a esta mídia comercial. São famílias que, quando vêem seus interesses comerciais e ideológicos contrariados, se comportam como “famiglia” mafiosa. São donos privados que pretendem falar para todo Brasil e manter sob tutela a assim chamada opinião pública. São os donos do Estado de São Paulo, da Folha de São Paulo, de O Globo, da revista Veja na qual se instalou a razão cínica e o que há de mais falso e xulo da imprensa brasileira. Estes estão a serviço de um bloco histórico, assentado sobre o capital que sempre explorou o povo e que não aceita um Presidente que vem deste povo. Mais que informar e fornecer material para a discusão pública, pois essa é a missão da imprensa, esta mídia empresarial se comporta como um feroz partido de oposição.



Na sua fúria, quais desesperados e inapelavelmente derrotados, seus donos, editorialistas e analistas não têm o mínimo respeito devido à mais alta autoridade do pais, ao Presidente Lula. Nele vêem apenas um peão a ser tratado com o chicote da palavra que humilha.

Mas há um fato que eles não conseguem digerir em seu estômago elitista. Custa-lhes aceitar que um operário, nordestino, sobrevivente da grande tribulação dos filhos da pobreza, chegasse a ser Presidente. Este lugar, a Presidência, assim pensam, cabe a eles, os ilustrados, os articulados com o mundo, embora não consigam se livrar do complexo de vira-latas, pois se sentem meramente menores e associados ao grande jogo mundial. Para eles, o lugar do peão é na fábrica produzindo.



Como o mostrou o grande historiador José Honório Rodrigues (Conciliação e Reforma) “a maioria dominante, conservadora ou liberal, foi sempre alienada, antiprogresssita, antinacional e nãocontemporânea. A liderança nunca se reconciliou com o povo. Nunca viu nele uma criatura de Deus, nunca o reconheceu, pois gostaria que ele fosse o que não é. Nunca viu suas virtudes nem admirou seus serviços ao país, chamou-o de tudo, Jeca Tatu, negou seus direitos, arrasou sua vida e logo que o viu crescer ela lhe negou, pouco a pouco, sua aprovação, conspirou para colocá-lo de novo na periferia, no lugar que contiua achando que lhe pertence (p.16)”.



Pois esse é o sentido da guerra que movem contra Lula. É uma guerra contra os pobres que estão se libertando. Eles não temem o pobre submisso. Eles tem pavor do pobre que pensa, que fala, que progride e que faz uma trajetória ascedente como Lula. Trata-se, como se depreende, de uma questão de classe. Os de baixo devem ficar em baixo. Ocorre que alguém de baixo chegou lá em cima. Tornou-se o Presidene de todos os brasileiros. Isso para eles é simplesmente intolerável.



Os donos e seus aliados ideológicos perderam o pulso da história. Não se deram conta de que o Brasil mudou. Surgiram redes de movimentos sociais organizados de onde vem Lula e tantas outras lideranças. Não há mais lugar para coroneis e de “fazedores de cabeça” do povo. Quando Lula afirmou que “a opinião pública somos nós”, frase tão distorcida por essa midia raivosa, quis enfatizar que o povo organizado e consciente arrebatou a pretensão da midia comercial de ser a formadora e a porta-voz exclusiva da opinião pública. Ela tem que renunciar à ditadura da palavra escrita, falada e televisionada e disputar com outras fontes de informação e de opinião.



O povo cansado de ser governado pelas classes dominantes resolveu votar em si mesmo. Votou em Lula como o seu representante. Uma vez no Governo, operou uma revolução conceptual, inaceitável para elas. O Estado não se fez inimigo do povo, mas o indutor de mudanças profundas que beneficiaram mais de 30 milhões de brasileiros. De miseráveis se fizeram pobres laboriosos, de pobres laboriosos se fizeram classe média baixa e de classe média baixa de fizeram classe média. Começaram a comer, a ter luz em casa, a poder mandar seus filhos para a escola, a ganhar mais salário, em fim, a melhorar de vida.



Outro conceito inovador foi o desenvolvimento com inclusão social e distribuição de renda. Antes havia apenas desenvolvimento/crescimento que beneficiava aos já beneficiados à custa das massas destituidas e com salários de fome. Agora ocorreu visível mobilização de classes, gerando satisfação das grandes maiorias e a esperança que tudo ainda pode ficar melhor. Concedemos que no Governo atual há um déficit de consciência e de práticas ecológicas. Mas importa reconhecer que Lula foi fiel à sua promessa de fazer amplas políticas públicas na direção dos mais marginalizados.



O que a grande maioria almeja é manter a continuidade deste processo de melhora e de mudança. Ora, esta continuidade é perigosa para a mídia comercial que assiste, assustada, o fortalecimento da soberania popular que se torna crítica, não mais manipulável e com vontade de ser ator dessa nova história democrática do Brasil. Vai ser uma democracia cada vez mais participativa e não apenas delegatícia. Esta abria amplo espaço à corrupção das elites e dava preponderância aos interesses das classes opulentas e ao seu braço ideológico que é a mídia comercial. A democracia participativa escuta os movimentos sociais, faz do Movimento dos Sem Terra (MST), odiado especialmente pela VEJA faz questão de não ver, protagonista de mudanças sociais não somente com referência à terra mas também ao modelo econômico e às formas cooperativas de produção.



O que está em jogo neste enfrentamento entre a midia comercial e Lula/Dilma é a questão: que Brasil queremos? Aquele injusto, neocoloncial, neoglobalizado e no fundo, retrógrado e velhista ou o Brasil novo com sujeitos históricos novos, antes sempre mantidos à margem e agora despontando com energias novas para construir um Brasil que ainda nunca tínhamos visto antes.



Esse Brasil é combatido na pessoa do Presidente Lula e da candidata Dilma. Mas estes representam o que deve ser. E o que deve ser tem força. Irão triunfar a despeito das má vontade deste setor endurecido da midia comercial e empresarial. A vitória de Dilma dará solidez a este caminho novo ansiado e construido com suor e sangue por tantas gerações de brasileiros.

Frei Betto.

Cancelei minha assinatura da Veja!


*teólogo, filósofo, escritor e representante da Iniciativa Internacional da Carta da Terra.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

E Se?


Essa é a palavra, indignado. É como estou me sentindo já há algum tempo. Depois de diversas falsas promessas de votação da PEC300 na Câmara dos "despota_dos", pois é isso que eles são: déspotas esclarecidos, a exemplo dos reis da Idade Média,que oprimiam o povo fazendo-se valer de seus poderes e astúcia. Mas a minha indignação não é para com os "nossos representantes" mas sim com a nossa própria classe: a Polícia. Indignado pois se nos deparamos com um bêbado que está perturbando, sabemos usar da "força necessária" para fazê-lo aquietar; ou quando abordamos um viciado com um cigarro de maconha ou uma pedra de crack, sabemos usar da "autoridade" dada a nós pelo Estado para puní-los por seus erros. Mas quando se trata de lutarmos pelos nossos direitos, nos acovardamos e nos escondemos. Fiquei imensamente feliz ao saber da invasão ao Salão Verde do Congresso por parte dos companheiros - eu sinceramente também queria estar lá - mas e depois, deu em que ? eu pergunto. O todo poderoso futuro vice presidente Sr. Michel Temer utilizou-se desse episódio como pretexto para, mais uma vez, sufocar as vozes dos praças que ali estavam e de tantos outros em todo o Brasil a esperar por um pouco de dignidade traduzida em melhorias salariais. Mais uma vez fomos calados, humilhados e, mais uma vez, nos submetemos à insignificância a que nos colocam. Talvez isso seja reflexo das dezenas de anos de pressão e sufocamento que nossos superiores nos impõem há tanto tempo nos quartéis. Até quando? quando é que teremos a coragem, ou melhor a hombridade de nos insurgirmos contra tudo isso? Quando é que daremos o nosso grito de liberdade, tal qual os revoltosos militares em tantos exemplos que verificamos em nossa história - Revolução pernambucana de 1817, Tenentismo dentre tantoas outras - Antigamente os militares eram reconhecidos por seu brio, coragem, honra, onde foram parar esses atributos? será que se perderam? Estou certo que não pois estamos nas ruas - apesar de tudo - lutando nessa guerra que só não é vencida pelo crime porque ainda existem homens e mulheres honrados e corajosos que se orgulham das fardas que ostentam e que muitas vezes têm que escondê-las para não por em risco suas vidas e de suas famílias mas mesmo assim, continuam a proteger a Sociedade enquanto seus entes queridos na maioria das vezes não tem quem os protejam. E tudo isso por um salário que mal dá para custear as suas despezas ou dar uma vida digna aos seus. Mal armados, mal equipados, mal treinados, mal remunerados, mal vistos pela própria Sociedade a qual protegem... esses somos nós policiais militares. Mas volto à pergunta inicial. ATÉ QUANDO? Li em comunidades no ORKUT diversas vezes, "manifestações" a favor de uma PARADA. Quantas realmente ocorreram? todos sabemos, nenhuma. Essa seria a única maneira da Sociedade nos notar, pois se dependermos da Mídia, só aparecemos quando erramos. Vejam o exemplo mais recente: A luta pela aprovação da PEC está aí há meses e a REDE GLOBO só noticiou quando ocorreu a INVASÃO do Congresso pelo praças. Chegou a hora de deixarmos de esperar e agirmos. Parafraseando aquela famosa canção da época da Ditadura: "...esperar não é saber, quem sabe faz a hora, não espera acontecer..." Existe um comercial que está no ar atualmente que diz "e se as cabeças não fossem quadradas etc." eu pergunto,

E SE?...

E SE... no dia 3 de outubro só saíssemos para exercer nossa cidadania e votar ?
E SE... nesse dia só votássemos em pessoas realmente comprometidas conosco ?
E SE... ao invés de irmos garantir a segurança nas Eleições ficássemos a proteger a nossa família ?
E SE... todo policial militar, civil ou bombeiro do Brasil tirasse esse dia de folga?
E SE... nos reuníssemos no seio de nossos lares e dedicássemos esse dia aos nossos cônjuges, pais, filhos e amigos?

E SE?

E SE tudo isso se tornasse verdade e não só um texto escrito por um praça que sonha despertar os brios de todos os companheiros para esse dia?
Bem! o dia está aí bem próximo. SE ele vai tornar-se real ou SE vai ficar apenas como um texto... ou um sonho, eu não sei!
Mas sei que é POSSÍVEL, e só depende de todos nós.
E se tudo isso ocorresse certamente seria um dia em que a POLÍCIA seria notada e isso repercutiria, certamente, não só no Brasil mas em todo o mundo, porque todos nós sabemos que sem a polícia não há ORDEM nem tão pouco PROGRESSO.

terça-feira, 11 de maio de 2010